quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O Aluno, o Pároco e a Bíblia

CRONICAS DE VERDADE


A turma alegremente reunida ocupava duas mesas conjugadas da pizzaria da praça. Pelo menos duas personalidades ali se destacavam. O maestro da banda municipal da cidadezinha do interior e um aluno da faculdade de história. Além de pizza a mesa estava repleta de garrafas de cerveja formando uma cena pitoresca. Assemelhava-se a chaminés. Acho até mesmo que era por ali que os ocupantes das mesas expeliam as tensões do adia a dia.
As mulheres que também ocupavam cadeiras nas mesas da pizzaria da praça não estavam muito interessadas na beberância e por isso sentavam e levantavam indo e voltando ao parquinho de diversões ali no meio da praça da cidadezinha litorânea.
Da esquina uma figura se destacou. Carismática e jovem apertava a mão a muitos que o saudava. Para algumas mulheres e crianças respeitosamente dava um beijo na mão ou na testa. E seguia em direção a pizzaria da praça sempre acenando para as pessoas. E era mesmo uma figura cordial para com todos. Eu, lá na mesa do canto, prestei respeito a essa personalidade acenando-lhe com a mão e recebendo os devidos respeitos por acenos também.
Ao passar pela mesa em que estava o maestro e o estudante de história, sob perdido de desculpas pelo ambiente não ser muito propício, foi convidado a sentar-se enquanto lhe trariam o pedido feito por encomenda. Era o pároco da cidadezinha litorânea. Sentou-se assentindo com as desculpas dos que ocupavam a mesa das cervejas e fazendo todo o possível para se mostrar à vontade.
Ouvi há certo tempo depois que o pároco sentou-se a seguinte frase “... Bem, mas a Bíblia está cheia de erros”. Não sei bem como nem porque a conversa chegou a esse termo. Mas eu que estava ali sentado meio espremido na mesa do canto por causa da grande quantidade de gente na pequena pizzaria não deixei de ouvir a conversa. Quem pronunciou a berrante frase foi o estudante de história. Quanto aos outros não demonstravam concordar nem tampouco discordar. E a conversa se desenvolveu com o pároco tentando defender a reputação da Bíblia com argumentos filosóficos e dialéticos.
Outros em mesas vizinhas que também mastigavam assuntos diversos e tendo suas vozes abafadas pelos sons modestos de “som” de carros da praça queriam ouvir o desenrolar da prosa. Eu também que embora estivesse interessado na conversa me esforçava para ouvir ainda que não estivesse num lugar muito favorável e não queria ser descortês com minha querida esposa que conversava comigo sobre assuntos financeiros e sobre quantas pizzas pediríamos. Não disse para ela que queria parar de conversar para que eu pudesse ouvir a prosa na mesa vizinha. Segui ouvindo com uma orelha a conversa que vinha da mesa de onde veio a frase sobre a Bíblia e ouvindo minha esposa com a outra.
Com um tanto de esforço ouvia.
Lastimei muito que o pároco não tivesse em momento algum da conversa citado a Bíblia em defesa dela mesma. Lastimei muito o fato de o religioso ter aceitado uma acusação sem que fosse mencionado especificamente em que trecho ou trechos a Bíblia continha erros.
Como se faz uma acusação sem mencionar os fatos que justifiquem a acusação em questão?
Por um único momento eu e os demais ali presentes ouvimos o estudante de história argumentar: “__ Deus plantou um jardim e pôs ali uma árvore que disse que o homem não deveria comer. Árvore essa que ocasionou todo o mal no mundo. Se ele pôs está árvore ali sabendo que o homem comeria, ele é o culpado e não o homem”.
Fiquei impressionado como alguém que até aquele momento dizia ser a Bíblia um livro cheio de erros assegura como certo um fato narrado pelo primeiro livro da Bíblia, o Gênesis. Você também não acha estranho, não?
Desse fato depreendi pelo menos duas verdades a respeito do estudante de história. Primeiro. Parece a mim que esse moço se comportava apenas como um contestador pelo fato de ser um estudante de história como se contestar e não estabelecer dados que justifique os fatos fosse a maior ocupação de um historiador ou futuro historiador.
A segunda verdade pode parecer um tanto deselegante da minha parte, mas preciso fazer este paralelo. Este rapaz me parece estar sofrendo do efeito manada. Isto é quando uma só rês se assusta e leva a todas as outras do rebanho a pôr o pé no pó. Bem. Ele estava apenas recitando o que tinha ouvido.
Mas antes de cometer eu os mesmos erros a que lastimo ter o pároco e o estudante de história terem cometido, quero chamar a Bíblia para defender a si mesma. Comecemos fazendo as seguintes perguntas “Como a Bíblia chegou até nós?” “Como a Bíblia foi escrita?” “È a Bíblia digna de nossa confiança?”
Poderíamos tomar inúmeros depoimentos da Bíblia em favor de sua genuinidade, mas por uma questão de espaço e tempo tomemos o texto de Lucas capítulo um do verso um ao quatro. Esse pequeno trecho responde satisfatoriamente as perguntas que fizemos acima.
Lucas diz: “Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram” (v.1). Lucas nos faz saber o que intuitivamente sempre soubemos, que sempre houve pessoas que se interessaram em registrar por escrito as histórias da ação de Deus entre os homens para as futuras gerações. Essas pessoas eram muito habilidosas em fazer isso.
Como essas pessoas adquiriam as informações para escreverem seus relatos? Lucas acrescenta um dado para essa resposta quando diz “Conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles (dos fatos) testemunhas oculares e ministros da palavra” (v.2). As pessoas que escreviam seus relatos recorriam às fontes e com estes verificavam a veracidade dos relatos. Do mesmo modo como o fazem os historiadores modernos. Por exemplo, como sabemos sobre as descobertas de nosso Brasil? Através dos relatos feitos por meio de cartas, tradição oral e documentos oficiais, livros, pinturas, poemas, prosa e textos diversos. No caso especifico da Bíblia as fontes geralmente estavam vivas e podiam ser consultadas.
Lucas especialmente estava escrevendo um relato da vida de Jesus para uma pessoa de especial status na sociedade de então. Essa pessoa ele se dirige por “excelentíssimo”. Tratava-se portanto de uma autoridade que havia se convertido ao cristianismo ou queria informação acerca dos ensinos de Jesus e não podia receber informações desencontradas para não ter sua fé estabelecida sobre alicerce fraco: “Igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde a sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem” (v.3).
O evangelista Lucas escreveu seu evangelho aproveitando o que já havia sido escrito.Lucas era um grande historiador e como bom historiador só punha sua obra para o público quando tudo estava bem confirmado. Nenhum relato de seus dois livros podem ser contestados.
A Bíblia chegou até nós por meio de compilações que periodicamente se faziam com o fim de atender aos desejosos de conhecerem os fatos do evangelho. Os documentos antigos da Bíblia comparados com as cópias que temos hoje são inteiramente iguais.
Um fator que indica a confiança que podemos ter na Bíblia é que nela estão muitas profecias que são dadas como realizadas pelo escritor da época, por exemplo o nascimento de Jesus com data e lugar precisos, sua morte com dados relatados antes de acontecer, etc.
Se eu quisesse ter certeza da veracidade de um documento eu me dirigiria para aqueles que disseram algo sobre ele. É o caso da Bíblia que não somente obtém depoimentos de pessoas que a escreveram como de historiadores e do próprio Senhor Jesus. E nesse caso veja o que ele diz sobre a Bíblia : “A Escritura não pode falhar” (João 35).
Assim todos os que quiserem fazer qualquer alegação de falsidade na Bíblia deveria se dar primeiro ao prazeroso trabalho de verificar com a história e nos documentos que a Bíblia cita se o que afirma faz qualquer sentido. O problema é que sobre a Bíblia muitas pessoas sofrem do efeito manada.

Escrita por: Luiz Flor dos Santos, pastor

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